A Verdadeira História de Papai Noel - Parte II
DE SÃO NICOLAU À SANTA
CLAUS
Os primeiros europeus que chegaram à América trouxeram consigo a
figura de St. Nicholas. Vikings dedicaram a ele a catedral erguida na Groenlândia
e Colombo denominou “St. Nicholas” um porto haitiano, em seis de dezembro de 1492.
Na Europa, entretanto, a figura de St. Nicholas perdeu alguma
popularidade durante a Reforma Protestante do século XVI, que apagou o brilho
dos santos. Mas, mesmo com os reformadores e contra-reformadores tentando
excluir das tradições cristãs os costumes relacionados a St. Nicholas, o
sucesso deste movimento foi de pequena duração. (Na Contra-reforma, a igreja
romana procurou transferir a característica de doador de presentes de St.
Nicholas ao Menino Jesus, passando a data de tal tradição para 25 de dezembro,
costume que acabou se implantando mais fortemente nos países de cultura
hispânica). Em solo europeu, somente na Inglaterra, as tradições populares
religiosas do Natal foram alteradas permanentemente. Na Europa continental, o
amor do povo comum a St. Nicholas sobreviveu e as pessoas continuaram a colocar
nozes, maçãs e doces nos sapatos ao lado das camas, nos parapeitos das janelas
e sob as lareiras.
Os colonos que vieram para a América no período pós-reforma eram,
principalmente, puritanos e outros protestantes, que não trouxeram as tradições
de St. Nicholas ao Novo Mundo. Mas após a Revolução Americana, os
nova-iorquinos recordaram, com orgulho, suas raízes holandesas quase esquecidas.
John Pintard, patriota e antiquário influente, fundou a sociedade histórica de
New York em 1804 e promoveu St. Nicholas a santo-patrono da sociedade e da
cidade. Em janeiro de 1809, Washington Irving juntou-se à sociedade e, no Dia
de St. Nicholas daquele ano, publicou uma história fictícia e satírica a
respeito do bispo, enfatizando tanto o caráter alegre de Nicholas, que acabou
tornando-o semelhante a um elfo holandês, com um cachimbo de barro.
Em
1823, um poema de um professor universitário, Clement C. Moore, enalteceu a
aura mágica que Irving havia criado para a personagem, trocando o cavalo branco
por renas que puxavam um trenó. Posteriormente, outros
artistas e escritores continuaram transformando St. Nicholas no duende Santa
Claus (uma natural alteração fonética do alemão Sankt Niklaus ou do holandês Sinterklaas) e ao longo do século XIX,
ele teve diferentes tamanhos, vestimentas e expressões, desde um gnomo jovial
até um homem maduro de aspecto severo. Em 1862, o desenhista norte-americano de
origem alemã Thomas Nast realizou a primeira ilustração de Santa Claus descendo
por uma chaminé, embora ainda tivesse o tamanho de um duende.
Pouco a pouco, ele começa a ficar mais alto e
barrigudo, ganhar barba e bigode brancos e a aparecer no Pólo Norte, sempre
acompanhado de seu onipresente charuto de barro. Por
volta do final da década de 1920, um Santa Claus padrão, em um terno vermelho
feito sob medida, estava emergindo do trabalho de N. C. Wyeth, do normando
Rockwell e de outros ilustradores populares.
E em 1931, Haddon Sundblom iniciou um trabalho de trinta e cinco
anos de propagandas da Coca-Cola que popularizaram e estabeleceram definitivamente
a imagem do “bom velhinho” como um ícone da cultura comercial contemporânea. Este
sucesso comercial levou o norte-americano Santa Claus a ser exportado para o
mundo todo, ameaçando superar, em popularidade, o St. Nicholas europeu, que manteve
sua identidade como bispo e como santo cristão.
Foi uma longa viagem, desde o Bispo de Myra do século IV, que
evidenciou sua obediência e devoção a Deus através de gestos extraordinários de
bondade e generosidade, ao alegre e comercial Santa Claus da América de nossos
dias.
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